“A introdução na guitarra entra nos meus ouvidos. Mas as batidas furiosas da bateria me chamam a atenção, de fato. Reconheço aquele conjunto de acordes e corro para pegar uma fita k7 na estante. Não poderia perder nem um minuto daquela música. A voz estridente do vocalista faz a sua presença, enquanto balanço meus cabelos no ritmo da canção. Eu sei o quanto a música é boa, pois a banda que a executa é uma das minhas favoritas. O meu corpo reage à medida que a batida acelera e tem uma agressividade boa aos meus ouvidos.
Os altos falantes do som sofrem com o volume que gradativamente eu aumento. Para mim, o som baixo simplesmente oculta a magia da música. Claro que não quero que alguém vá ficar surdo ou vá reclamar para minha mãe. E é por isso que fecho a porta antes de aumentar o volume a níveis quase astronômicos.
De repente, o ápice. Da canção, de mim mesma. Eu agito o meu corpo como se o mundo fosse acabar no próximo segundo. Air guitar, headbanging, horn hands... Tudo é permitido naquele momento até os últimos acordes. É meu momento rockstar! E ele acaba da mesma forma que a música: de forma abrupta. Para a minha sorte, eu posso reviver este momento toda vez que tocar aquela k7.”
Sobre Paradise City.
Eu tinha 15 anos (nasci em dezembro). Assim como a maior
parte das pessoas que gostam de rock, o Guns n’ Roses é uma das bandas obrigatórias
para ouvir. Principalmente quando o ouvinte ainda é um iniciante. Na época, eu
não era tão novata, já conhecia algumas bandas menos “mainstream” como o Kamelot,
por exemplo. Contudo, o mais curioso é que antes de ter essa paixão
avassaladora, eu DETESTAVA a voz do Axl. Sério. Achava que a voz dele era igual
de um pato (até conhecer a do Mustaine *risos*). Porém, de forma
repentina, me peguei ouvindo.
Geralmente eu ouvia nas rádios, mas quando eu fiz um perfil
fake pela primeira vez, eu pude descobrir mais da banda. Ou seja, eu gostava de
Guns, mas ainda estava naquele campo do clichê conhecendo as músicas mais
famosas, como a “Sweet Child O’ Mine”. Não era por mal que eu conhecia as
canções que todos ouviam: foi em 2008 que eu ganhei meu primeiro computador.
Até então eu só ouvia rádio.
Contudo graças ao fake, além das amizades que ganhei, eu
tive a oportunidade de conhecer mais sobre a banda e me apaixonar mais.
Inclusive ter uma admiração fora do comum pelo Slash. 2008 foi o ano meio que
divisor de águas, principalmente para os anos seguintes (2009-2010). Eu comecei
a devorar qualquer música, eu comprei o Chinese Democracy como meu presente de
aniversário e também adquiri a biografia do Slash.
E também como foi comum naquela época, de 10 em 10 tópicos
do Orkut sobre Guns N’ Roses, a opinião era unânime: a volta da formação
clássica, ou como chamo, pelo menos o
Slash voltando para a banda. Existia o Velvet Revolver que unia a maior
parte dos ex-integrantes, mas não era a mesma coisa. E não que os outros
membros da banda fossem menos carismáticos, longe disso. Mas o Slash é o Slash,
não sei se é pelos cachos, pela cartola... Mas ele conseguiu construir uma
identidade tão forte quanto a do Axl Rose.
E esse era meu sonho também. E da torcida toda do
Flamengo. Mas além disso, eu sempre me identifiquei com o Slash por ele ser
negro (sim, ele é!). Então era uma referência, principalmente em uma banda tão
expressiva. Então por todos estes motivos eu estava na torcida do Axl e do Slash
fazer as pazes e juntar o Guns - ou parte dele - que eu aprendi a amar.
Mas enquanto o sonho não era realizado em sua plenitude, eu
pelo menos teria que ver a banda que eu amava com tanto fervor, ao vivo. Portanto,
eu era uma fã que só necessitava de uma coisa: um show para ir. E bem, isso
aconteceu... Mas não da maneira que eu sonhei... ainda...
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